SEMEADOR
Há muitos desertos em meu peito
e visito-os
como uma ave de rapina
apenas à caça de alguma presa
-uma sombra que aparece de repente
e alerta este instinto caçador de oásis
-um jeito de sobreviver
nesta fome de solidão
Trato o poema como o lavrador
açucarando a terra
nesta imensidão solitária
E, não balancem estas bandeiras em minha cara
não assumi nenhuma
e não vou indicar estradas a percorrer
cada um faça o seu trajeto
afinal, nem mesmo sei se estou indo
ou voltando
Estou plantado
como um espantalho
no tempo
de braços abertos
esperando a semeadura
do poema
HIDERALDO MONTENEGRO
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