Os brasileiros hoje na faixa dos 40 anos ainda se lembram bem de como era viver sob a tirania da inflação.
Por Cláudia Vassallo
O dinheiro — já não importava que nome levava — parecia evaporar das carteiras em questão de horas. Nos tradicionais dias de pagamento, os supermercados eram invadidos por legiões de trabalhadores que tentavam comprar algo antes que seu salário perdesse valor. As empresas não planejavam — o que importava era o aqui e agora. Nos anos 80, a década perdida do Brasil, o empreendedorismo desapareceu. Nenhuma grande ideia renderia tanto quanto o overnight.
A economia entrou em colapso num país que parecia só ter um presente caótico e nenhum futuro. Investimentos deixaram de fluir. O Brasil tornou-se um lugar impossível de ser explicado e entendido por quem não vivesse aqui.
Entre tantos problemas brasileiros, o descontrole inflacionário, que se iniciou com o choque do petróleo da década de 70 e transformou os anos 80 numa tragédia, provavelmente foi o mais pernicioso, por seu poder de destruição e pela duração de seus efeitos deletérios.
A conquista da estabilidade econômica salvou o Brasil e nos permitiu atravessar a linha que separava um país de tragicomédia da nação promissora aos olhos do mundo.
A sociedade provou o gosto da normalidade. E aprovou. Com o passar dos anos, formou-se o consenso de que os governos — até por uma questão de sobrevivência — seriam intolerantes com qualquer sinal de rebeldia inflacionária. E essa certeza ajudou a empurrar o Brasil para a frente.
A má notícia é que o consenso em torno da intolerância do governo brasileiro à inflação parece ter deixado de existir. Há dúvidas — e, em economia, elas costumam ser veneno. E verdade que não estamos nem perto do cenário ingovernável da década de 80 e do início dos anos 90. Mas é recomendável ficar alerta: a inflação já provou ser uma besta traiçoeira.
A sociedade — e sobretudo as classes populares, as mais beneficiadas pela estabilidade — não quer vê-la à solta, sob o pretexto de, assim, continuar a impulsionar o crescimento. Já vimos esse filme antes. Não há convivência possível entre progresso de longo prazo e descontrole monetário. Não hipotequemos nosso futuro. Não percamos outras décadas.
Não toleremos a volta da inflação, por mais inofensiva que ela possa nos parecer hoje. É em momentos de pressão, como o que estamos vivendo hoje, que o Brasil precisa mostrar que, de fato, aprendeu a lição.
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Postado por Jerry William no .: Mil Coisas em 5/30/2011 08:54:00 AM --
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