FAMÍLIA, POLÍTICA E ECONOMIA
Falemos de Brasil e de ética e economia, coisas que repercutem na sua conta, na farmácia, na cozinha e na escola dos seus filhos e até mesmo na cama do casal.
O Governo brasileiro foi cobrando impostos e os brasileiros foram pagando sem tugir nem mugir, sem sair às ruas e sem reclamar. Afinal era só um pouquinho a mais… Era o preço do progresso.
Assim, 8,0 % de FGTS, 2,5 de salário educação, 2,0% de acidentes de trabalho, 1,0% de Senai e quejandos, 18,9% de repouso remunerado semanal, 9,4% de férias, 4,4 % de feriados, 0,5% de auxílio enfermidade, 10,9% de 13º salário, 13,7% de encargos sociais, 30% de imposto agregado, 50% de importação para produtos não similares no Brasil, mais isso, mais isso mais aquilo e. eis a família brasileira sitiada pelo poder econômico.
A família brasileira trabalha hoje 5 meses para pagar as contas de os gastos de um governo que comprovadamente emprega mal, paga demais ou de menos e fere o povo com desvios colossais de verba em favor de partidos, grupos ou indivíduos.
No tempo de Jesus pagava-se ao Templo e aos romanos invasores aproximadamente 60% da lã, do óleo, das frutas e de tudo o que se produzia. Povo irrequieto, acontecia lá uma revolta depois da outra. E vinham os romanos e reprimiam até que um dia arrasaram a nação. Os bons e sinceros não tinham força nem política, nem militar. Pagavam e tentavam não morrer. Quem ousasse falar em direitos e justiça ou ordem social diferente, morria.
Jesus morreu por isso e não porque ensinou a orar e pedir milagres do céu. Por isso não o matariam. Mataram a João e a ele, quando os dois chamaram ás falas os mancomunados com o poder, taxando-os de raça de víboras e sepulcros caiados e avisando que não escapariam da ira vindoura… Isso, não! Se este discurso terrorista e subversivo continuasse, viriam os romanos e massacrariam o povo. Então, era melhor subir os impostos e pagar sem mugir. Está tudo nos evangelhos e nos livros de História.
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O Brasil caminha para isso, a menos que os cidadãos dêem um basta, com força política, à marcha dos impostos. Outros povos partiram para as barricadas, implosões e explosões de prédios, assassinatos de seus líderes, sangue nas ruas e revoluções sem cabeças e em geral descabeçadas. E saíram de uma ditadura para entrar em outra. O motivo, quase sempre era a falta de algo básico, de comida, de salário, de emprego ou de liberdade. Apenas trocaram de ditadura econômica.
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Nos anos 60-70 vimos as marchas e as grandes movimentações de rua, na Itália, na França, em Berkeley, em John Hopckins. Em Washington.Eram negros, trabalhadores e estudantes,protestando guiados pelos sindicatos ou por grupos beligerantes em busca do poder. Os sindicatos foram se aquietando e se pelegando, porque tinham posto no governo alguns dos seus. Os estudantes se aquietaram ou se despolitizaram, os grupos de defesa da minoria foram, em parte, aceitos e assimilados. Restou a economia.
Esta é e será por muitos anos o estopim da grande crise mundial. Recomendo a leitura do livro Uma breve História do Futuro, de Jacques Attali. É uma análise sadia e criteriosa do poder do dinheiro e do mercado em todos os tempos, hoje e amanhã. O mercado governa povos, governos e continentes e também igrejas. O marketing é sua ponta de lança.
Tudo isto chega à família, em forma de 10% para Deus, se ela segue algum grupo que aposta no dízimo; 5 a 30% a mais que, num passe de magia alguns experts convencem o povo de que foi apenas 4,6%. A família sabe que pagou 32% a mais no dentista, 44% a mais no tomate, 32 % a mais no carro, 28% a mais no aluguel e, tudo somado, para ela a vida encareceu acima de 27%, mas os governantes garantem que não passou de 4%. E todos estão certos, com a diferença de que a família continua cada dia mais incerta.
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A tendência, se não tivermos parlamentares com poder honesto de barganha em favor do povo e não do seu partido, é a família trabalhar 7 meses por ano para pagar o Governo, enquanto outros povos ricos e bem administrados trabalham menos de 3 meses.
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O grande empecilho, o mata burro do Brasil chama-se corrupção. Não importa se o é também para outros povos. No nosso caso, funciona como um câncer no intestino da nação e rói lá onde se coleta e se distribui o dinheiro do país. É este rio de dinheiro represado que, em grande parte não volta para o povo e que, cada dia represa mais; é ele que poderá gerar, também no Brasil, o estopim das violências que vimos em outros povos.
O brasileiro não é assim tão cordial como se canta. É povo capaz de ira. Somos um dos povos que mais mata no trânsito e nas contendas e rusgas de rua. A paciência do brasileiro anda se esgotando. A Igreja que décadas atrás produziu um documento chamado "Ouvi os Clamores do Povo" está ouvindo de novo. Os políticos, ou não vêem ou não dão importância. Deviam ouvir mais os psicólogos e os sociólogos, os historiadores e seus estudos da reação das massas.
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A prosseguir esta economia escorchante veremos violência maior do que a que já conhecemos. Hoje, ela vem por parte de pequenos pivetes ou de grandes bandidos organizados com assaltos e arrastões. Como se deu muito recentemente em Paris, em Madrid, em Santiago do Chile, em Londres e nos países árabes, por liberdades ou por mais emprego, pode acontecer aqui.
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O que fará o Brasil quando nossos produtos não forem mais solicitados porque outras nações, ontem muito mais organizadas, não terão como comprá-los? Somos mais espertos do que aqueles povos que ontem mesmo eram ricos? Alguns deles não cobram mais do que 12% de impostos e conseguiram ser ricos. E quase todos eles têm história de renascimentos pós-guerra e pós-conflitos.
Hoje com todos estes impostos e com nossa economia festiva, quase adolescente, que gasta o que não tem, estamos em melhores condições. Mas, a perdurarem estes impostos e estas taxas exorbitantes, até quando o país vai segurar a revolta das famílias?
Quem está hoje no governo é, de certa forma, fruto dos panelaços dos anos 60 e das reações dos anos 80. Os impostos, às vezes funcionam com maior poder de repressão que uma ditadura com soldados em cada canto. Estrangulam os empreendimentos. Que os políticos e governantes mudem, antes que as ruas os forcem a mudar. Não será um quadro agradável de se ver.
Sua família está no olho deste furacão. Nos últimos cinco anos a vida para vocês ficou mais barata ou mais cara? Na sua casa a inflação subiu 4,6% ou 20%? E o salário, acompanhou? Então, vocês estão pagando com dinheiro que não têm para um governo que não gasta como deve. Se mudar o governante e o partido no poder vocês pagarão menos? Eis a grande pergunta.
Volte a ler os especialistas em história do dinheiro e do mercado e entenderá porque o mundo vive mais do tilintar das moedas do que das poesias, dos esportes e das canções e orações do seu povo. Tudo isso apenas diverte, mas não resolve. O que resolve é saber que na sua família o Governo e os bancos servem e não mandam e o dinheiro obedece. Vocês existem para servir, mas eles também. Não é justo que apenas vocês sirvam e eles decidam o quanto querem ganhar, o quanto você pode e deve lucrar e o quanto lhes deve pagar para continuar trabalhando. Reveja sua cidadania. Tente resolver isso sem ódio e sem armas. Um bom começo é escolher bem seu partido e seus representantes… Alguns deles simplesmente não têm a menor intenção de se corrigirem!
FONTE: Padre Zezinho, SCJ
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