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[Mar de Poesias] elos de vida

Da série: “ainda pensando nela...”

 

 

elos de vida

 

Sou desses caras

que gosta de colecionar coisas,

caixinhas de bens guardados,

folhas e pétalas por testemunha.

 

Gosto de sentar ao  pé da escada e contar histórias com finais felizes.

Busco grandes amizades debaixo da minha cama que é onde caem os

farelos da  vida que se viveu.

 

Antigos e mal resolvidos amores ainda me perseguem.

 

Não tenho um único grande e eterno amor que depois de findo,

não tenha deixado rastros e vínculos cheios de adornos,

vestidos a caráter, em grande gala: coisa de gente grande.

 

E eu sorrio recolhendo gotas de chuva com as quais rego meus sonhos.

Não precisei fazer grandes esforços para obter as glórias do amor passado,

findo, ou presente, porque sempre amei o amor, polindo-o com boas maneiras

para que não perdesse o viço.

 

Hoje, de tão viçoso, o amor apóia o cotovelo sobre a mesa e passa horas a me escutar,

e ri comigo, e me oferece algodão doce na intenção de me lambuzar.

São pequenos mimos que vou espalhando, em elos de vida, pela casa.

É uma casa tão cheia de janelas, portas e cantos que às vezes o amor brinca de esconde-esconde

e me assusta por baixo dos lençóis.

Eu sorrio e coloco o relógio para despertar porque o amor não pode adormecer ,

nem tão pouco amadurecer.

 

E assim ficamos tão íntimos e afins, que brinco de correr atrás dele e ele corre atrás de mim,

até que nos cansemos e a morte nos una em outras estações que haverão de vir,

porque é de agora,

é de sempre

e é de antes.

 

E-RJ

 

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