Da série: “ainda pensando nela...”
elos de vida
Sou desses caras
que gosta de colecionar coisas,
caixinhas de bens guardados,
folhas e pétalas por testemunha.
Gosto de sentar ao pé da escada e contar histórias com finais felizes.
Busco grandes amizades debaixo da minha cama que é onde caem os
farelos da vida que se viveu.
Antigos e mal resolvidos amores ainda me perseguem.
Não tenho um único grande e eterno amor que depois de findo,
não tenha deixado rastros e vínculos cheios de adornos,
vestidos a caráter, em grande gala: coisa de gente grande.
E eu sorrio recolhendo gotas de chuva com as quais rego meus sonhos.
Não precisei fazer grandes esforços para obter as glórias do amor passado,
findo, ou presente, porque sempre amei o amor, polindo-o com boas maneiras
para que não perdesse o viço.
Hoje, de tão viçoso, o amor apóia o cotovelo sobre a mesa e passa horas a me escutar,
e ri comigo, e me oferece algodão doce na intenção de me lambuzar.
São pequenos mimos que vou espalhando, em elos de vida, pela casa.
É uma casa tão cheia de janelas, portas e cantos que às vezes o amor brinca de esconde-esconde
e me assusta por baixo dos lençóis.
Eu sorrio e coloco o relógio para despertar porque o amor não pode adormecer ,
nem tão pouco amadurecer.
E assim ficamos tão íntimos e afins, que brinco de correr atrás dele e ele corre atrás de mim,
até que nos cansemos e a morte nos una em outras estações que haverão de vir,
porque é de agora,
é de sempre
e é de antes.
E-RJ
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