QUISERA NÃO FOSSE SONHO
Ouço tua voz que me sussurra obscenidades
Teu hálito quente sopra teu desejo em meu ouvido
Te tomo por entre as folhagens
Mancho tua face de olhos vidrados
E em teu rubor me fitas
Quisera não fosse sonho
Quisera não fosse assim
E poder queimar na tua pele em brasa
E meus lábios em fogo a desenhar
Um caminho em teu umbigo
E outra vez o gozo em teu olhar
Infame versejar! Por mais que eu cante
Minhas palavras não vencem essa distância
Deixar de te amar como santa
Fazer-te simplesmente a outra
Que desfruta seu quinhão sem culpas
E não teme o despertar…
Quisera não fosse breve essa noite que ora se finda
Na qual velo por teu sonho e temo deixar minha ninfa
Pois também Morpheus me rouba a previsão de cuidar-te
É outra mão a que te leva pelos espaços e condena-me a solidão
Jazia no último sussurro a desejada, não fosse a ilusão que estiveras aqui
Oh funesta madrugada que toma o último fôlego da nossa libido
Duma primavera sem jeito e cinza que fica depois de tua partida
No amanhecer resta o amargor que sempre há no momento da despedida
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