Roberto Kirsten
Culturas antigas ansiaram pela imortalidade; hoje ajudam os cientistas. Da morte, ninguém escapa. Da decomposição, porém, alguns conseguem fugir, graças à obra dos embalsamadores. É o caso de Tutancâmon, Lênin, Evita Perón ou de Oetzi, o homem de 5.300 anos encontrado congelado na fronteira da Áustria com a Itália. Difícil mesmo é não se sentir fascinado pelas múmias, assunto que em 2001 ganhou um livro de destaque, que até hoje ainda faz sucesso: – The Mummy Congress (O congresso das múmias em português), da escritora e jornalista canadense especializada em arqueologia Heather Pringle. Quem tem lido, fica sabendo, entre outras coisas, que as múmias egípcias, apesar de serem as mais famosas, não são as mais antigas.
Cerca de 2.500 anos antes do processo ser adotado pelos egípcios, a mumificação já era prática entre os chinchorros, povo que vivia entre o atual norte do Chile e o sul do Peru..
Múmia de jovem egípcio de mais de 2 mil anos tinha uma grave lesão no crânio. Seria agressão?
A inglesa Joyce Filer já levou 15 múmias para sessões de tomografia computadorizada no hospital onde trabalha. "Os exames fornecem informações importantes sobre a saúde do "Egito antigo", justifica Joyce, egiptóloga do Museu Britânico, de Londres, com especialização em patologia. Graças às imagens, sabe-se, por exemplo, que artrite e osteoporose eram males comuns entre os egípcios. Mais corriqueira ainda era a dor de
dente.
Enquanto que as análises realizadas nos tecidos mumificados revelam também muitos casos de malária, tuberculose e esquistossomose adquiridas em banhos no Rio Nilo. Com tantos problemas e poucos recursos, não é a toa que a expectativa de vida na época fosse de 35 e 40 anos. Essas tomografias computadorizadas também revelaram um fato curioso: Joyce descobriu uma grave lesão na cabeça de Artemidores, jovem egípcio de 2.100 anos. "Pancadas desse tipo, são geralmente resultado de agressões físicas" , diz, após analisar as imagens de múmia feitas pelo hospital da "Universidade de Londres.
A múmia mais famosa do mundo moderno está em um mausoléu na Praça Vermelha, em Moscou. O corpo do líder comunista Vladimir Lênin (foto), morto em 1924, foi preservado por uma equipe de embalsamadores que trabalhou durante cinco meses para criar a ilusão de que ele estava apenas dormindo. Seu rosto e mãos ainda estão à mostra, mas o resto do corpo está coberto por uma roupa preta, que impede a visão da decomposição.
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