Gênese das Muralhas
A nostalgia que move meu terceiro pulso comove a menor abelha que descobre meus vestígios entre as grades do arco-íris. Deixei meus pertences na areia onde a noite pulava corda com as crianças. Bem sei: não há lugar melhor para abandonar o que amamos.
A companhia do horizonte, em certa hora, é apenas despedida, entre os raios do caranguejo e o colo das vértebras; por isso, a saia perdida entre as rochas me joga contra a memória, trapos de uma paixão, antes tão incendiária, que persigo as nuvens que se esqueceram de aterrissar.
Quem poderá dizer onde dança a chaga da estrela? Ouço ainda o tolo e sua música de ostras sobre o mar. Quem poderá descrever a canção, a estrela da ostra como uma chaga para o tolo? No caule seco do mar fechou-se a única saída.
Quando avistei teu lábio de casco de navio apontando meu ventre, percebi a força das pedras. Minha mais fervorosa oração foi a prata das espadas que deceparam tua música. Não abra os dentes: escorrerei de qualquer maneira pelas espumas que se espalham no passeio das manhãs. Assim as águas fizeram adormecer os teus cabelos. Agora encontro refúgio e paz na tua aurora, oculta sob o teu orvalho que sonha um livro.
Descanso por um instante o pulso, agora crispado de espinhos e chamas. Você sabe quantos anos têm os meus olhos? Você, torso da minha primavera, saberia dizer qual a cor da minha lua? Viro o rosto. Metade da máscara que uso é o trovão da minha infância.
Cacos, cacos, cacos constroem o caminho à frente, e nele preciso depositar meus pés nus.
(Elvio Fernandes Gonçalves Junior/ Paulo Sposati Ortiz) Aquele abraço, Paulo http://poenocine.blogspot.com/ |
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