Sob A Superfície Do Mar A cura é o veneno e o espanto dança a nossa atmosfera A cura é o veneno e minhas mãos de tempestade despertam A cura é o veneno e me divirto com tuas palavras cheias de ciúme A cura é o veneno e a janela aberta assim desenha um chamado perigoso A cura é o veneno e nossos lençóis já não respiram as jabuticabas A cura é o veneno e quero você e não quero nos tambores planetários A cura é o veneno e o bicho de pelúcia fotografa minha decadência A cura é o veneno e um seriado carrega a lágrima sem carteira de identidade A cura é o veneno e a madrugada vertigem de nosso cortejo A cura é o veneno e eu sou você quando você é outro A cura é o veneno e amores empilham jornais nunca lidos A cura é o veneno e as algemas que me possuem agora têm a cor dos perfumes A cura é o veneno e ainda me falta chegar ao Nada A cura é o veneno e meus soluços são acalanto na tua consciência A cura é o veneno e à meia-noite conversei com o meteoro assuntos delicados demais para os lábios A cura é o veneno e teu súbito olhar me espeta uma cruz A cura é o veneno e quero raptar o que nos sobra A cura é o veneno e quero alcançar tuas vontades no telhado do mundo Eu demoro à deriva e sei que a cura está no veneno mas o veneno exige apenas mais e mais veneno.
(Giulia Lancellotti & Paulo Sposati Ortiz) A Divina
As horas se abrem nas minhas mãos Sílabas desesperadas por um pouco de atenção agora Repuxo as chaves na sombra do teu pensamento E delas nasce uma cotovia costurada flor por flor Entardeço no grito dos astros Para poder acordar um dia nos músculos da aurora O colo de teus dedos nas águas de minhas coxas É assim que as constelações são criadas Orgone e desespero nos nossos canteiros de Noites Brancas Por que não foi a sua boca Aquela pela qual o meu crânio se partiu em três estrelas? Por que não foram os seus olhos Aqueles que desejaram meus cabelos esfaqueados pela Lua? Não importa Uma casa se abre na última esquina do Apocalipse E ela tem o formato de deus dedos
(Giulia Lancellotti/ Paulo Sposati Ortiz) Aquele abraço, Paulo http://poenocine.blogspot.com.br |
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